A história do Yoga tem muitos momentos de obscuridade e incerteza devido à sua transmissão oral de textos sagrados e à natureza secreta de seus ensinamentos.
Os primeiros escritos sobre Yoga foram transcritos em frágeis folhas de palmeira que foram facilmente danificadas, destruídas ou perdidas. O desenvolvimento da Yoga pode ser rastreado até mais de 5.000 anos atrás, mas alguns pesquisadores acreditam que a Yoga pode ter até 10.000 anos de idade.
Folclore:
Certa vez um famoso dançarino improvisou alguns movimentos instintivos, porém, extremamente sofisticados. Emocionava a todos que assistiam. Era algo espontâneo, que só encontrava eco no coração daqueles que também tinham uma sensibilidade apurada. O dançarino conseguiu transmitir boa parte do seu conhecimento. Até que um dia, muito tempo depois, o Mestre morreu. Os discípulos preservaram a arte intacta e assumiram a missão de retransmiti-la. Seu fundador ingressou na mitologia com o nome de Shiva e com o título de Natarája, Rei dos Dançarinos. Esse fatos ocorreram há mais de 5000 anos a Noroeste da Índia, no Vale do Indo, que era habitado pelo povo drávida.
Sua civilização, uma das mais avançadas da antiguidade, ficou perdida e soterrada durante milhares de ano. Até que, por volta de 1900, descobriram as cidades Harappá e Mohenjo-Daro, através de escavações arqueológicas na Índia. Ficaram impressionados com o que encontraram. Cidades com urbanismo planejado. Ao invés de ruelas tortuosas, largas avenidas de até 14 metros de largura, cortando a cidade no sentido Norte-Sul e Leste-Oeste. Entre elas, ruas de pedestres. As casas da classe média tinham dois andares, instalações sanitárias dentro de casa, água corrente. O impressionante é ver essas tecnologias em civilizações que floresceu 3000 anos antes de Cristo.
Não era só isso. Iluminação nas ruas e esgotos cobertos, brinquedos de crianças em que os carros tinham rodas que giravam, bonecas com cabelos implantados e plataformas elevadas para facilitar a carga e descarga das carroças.
Sua sociedade foi identificada como matriarcal, pacífica (não encontraram armas).
Cavando mais, os arqueólogos descobriram outra cidade sob os escombros da primeira. Para sua surpresa, mais abaixo, outra cidade, bem mais antiga. Cavaram mais e encontraram outra. E mais outra. O que chamava a atenção era o fato de que, quanto mais profundamente cavavam, mais avançada era sua tecnologia, tanto de arquitetura quanto de utensílios. Até que deram com um lençol d’água e pararam (recentemente foram retomada as escavações).
Foi nessa civilização que o Yoga surgiu. Uma civilização tântrica (matriarcal) e sámkhya (naturalista).
CRONOLOGIA:
A longa e rica história do Yoga pode ser dividida em cinco períodos importantes:
Pré-Védico
Védica
Pré-clássica
Clássica
Pós-clássica ou Moderna
O período Pré Védico - Yoga antigo - antes de 1500 a.C.
É o período antes dos Vedas, antes de Patanjali. A sociedade é formada por várias famílias, povos e cultura aborígene. O Yoga é plural e diverso. Cada sociedade pratica Yoga a seu modo. Não sabemos muito sobre esse período porque os ensinamentos e tradição eram passados de forma oral de uma geração para outra.
O Período Védico na História do Yoga – 1500 a.C. - 500 a.C.
Este período é chamado de Védico porque foi o período da existência dos Vedas que é a sagrada escritura do bramanismo. É também a base do hinduísmo contemporâneo. Seu conteúdo espiritual, como hinos, orações e ensinamentos yóguicos, o torna muito especial. Os ensinamentos yóguicos dos Vedas são chamados de Yoga Védica e contém rituais que tentam superar a limitação da mente humana. Eles usaram técnicas para viver em harmonia divina. Encontramos os Rishis neste período e os Yogis que viveram nas florestas buscando harmonia. No fim deste período surge então o Vedanta (texto final dos vedas, também conhecido como Upanishads). As Upanishads é uma escritura sagrada que retrata a visão interior da nossa realidade que resulta da nossa devoção ao Brahman. Tem em seu conteúdo 3 aspectos muito importantes: a realidade final, o eu transcendental e a relação entre esses dois.
Inicialmente o Yoga era praticado somente por homens.
O Período Clássico na História do Yoga – 500 a.C. a 200 d.C.
O Yoga aqui é sistematizado e burocratizado por Patanjali, que se supõe ser um brâmane. Nessa fase também surge o termo Raja Yoga, o yoga real - da realeza. O que antes era praticado pelos marginais e povos da floresta começa a ser praticado pela alta sociedade. O yoga vira um darsana - um sistema filosófico.
Neste período também temos o nascimento de dois grandes líderes religiosos: Mahavir. Foi o último dos 24 Tirthankaras do jainismo e Sidarta Gautama, o buda, fundador do budismo.
O Yoga começa a compartilhar e incorporar características do hinduísmo e do budismo. Buda começa a ensinar o budismo e a importância da meditação.
O Período pós-Clássico/ Pré-Moderno/ Medieval na História do Yoga – 1300- séc. XIX
Também conhecida como era Tantrica, a relação com o corpo é sacralizada. Aqui surge o Hatha Yoga e seus três principais livros: Hatha Pradipika, Gheranda Samhita e Shiva Samhita. Este período é diferente dos outros porque as práticas de Yoga mudaram. O Yoga sofre influência do Tantra (uma religião que valoriza o corpo). Ao contrário do Yoga de Patanjali que via o corpo como um empecilho para o crescimento espiritual, no Tantra o corpo é a única ferramenta para ascender espiritualmente. Este também é o período em que o Yoga chegou ao Ocidente, no início do século 19 como uma prática filosófica através de Sivananda, Yogananda, Vivekananda e outros mestres espirituais.
Era moderna do Yoga
Aqui há uma evolução, diversificação e modernização do Yoga. Com esses mestres espirituais indianos começando a difundir suas mensagens para além das fronteiras da Índia, surgiram novas abordagens de Yoga que passariam a se adaptar melhor aos povos de outras culturas. Neste período pode-se dizer que houve o renascimento do Hatha Yoga e do nascimento de várias outras linhas influenciadas pelo Hatha. O Yoga sofre influência da Educação Física, ciência, biomedicina, religião cristã, etc. Essa diversidade foi se acentuando ainda mais nas últimas décadas quando foram concebidas outras escolas tais como o Power Yoga nos Estados Unidos e a Swasthya no Brasil (método DeRose).
Até mesmo os profissionais mais experientes se sentem perdidos em meio a tantas novas linhas e com isso torna-se necessário resgatar a tradição e os valores mais essenciais para que esse extraordinário sistema não se descaracterize e não se perca em meio às tendências e modismos.
Para evitar experiências desagradáveis, qualquer um que esteja interessado em iniciar a pratica de Yoga deve ser criterioso. Procure um instrutor profissional, saiba a formação do professor, a proposta de sua linha e verifique se essa proposta satisfaz suas expectativas.
*Este texto faz parte do meu compilado de anotações e estudos que fiz durante meu curso. Estou repassando essas anotações do caderno para o Blog e por isso pode haver citações de terceiros e trechos de livros que na época não anotei a referência.