Lonavala fica cerca de 64 km a oeste de Pune e 96 km a leste de Mumbai. O nome Lonavala é derivado das palavras ' leni ', que significa cavernas, e 'avali ', que significa série ou seja, 'uma série de cavernas', que é uma referência a muitas cavernas como Karla Caves, Bhaja Caves e Bedsa que estão próximas a Lonavla.
Tivemos a oportunidade de visitar uma delas, a Karla Caves. É um complexo de cavernas budista esculpida nas rochas e possui um magnífico teto feito de madeira, fileiras de pilares decorados com esculturas de homens, mulheres, elefantes e cavalos, e uma grande janela solar na entrada que desvia os raios de luz em direção à estupa na parte traseira. Dizem que foi construído em forma de um tórax humano as vigas de madeira no teto representam as costelas e a estupa representa o coração. Para chegar a Karla Cave é necessário enfrentar uma subida por 350 degraus.
A cidade também é conhecida por sua produção do Chikki, um tradicional doce indiano impossível de comer. Parece nosso pé de moleque, mas é muito duro. Existem uma grande variedade de chikki, além do chikki tradicional de amendoim mais comum.
Lonavla é uma cidade pequena pouco conhecida e não é uma cidade turística. Por esse motivo foi uma ótima cidade para ver de perto a cultura indiana e interagir com os locais.
O objetivo de visitar Lonavla foi o fato de lá ficar a sede de Kaivalyadhama, o instituto de Yoga o qual sigo a tradição.
Kaivalyadhama é uma universidade de Yoga reconhecida pelo governo indiano como um instituto de ensino superior. Eles contam com um Departamento de Pesquisa Científica, para estudar os contextos quantitativos Fisiológicos, Radiológicos, Psicológicos, Esportivos, Bioquímicos e Neurológicos do Yoga. São realizados estudos de ponta sobre o efeito das práticas de Yoga, como Asanas, Kriyas e Pranayama e estudam ainda os benefícios do Yoga em várias aflições, como obesidade, diabetes, estresse, cegueira, etc.
Existe também o Departamento de Pesquisa Literária Filosófica, onde estudam, analisam e traduzem os contextos qualitativos de Análise Aprendida, Textual, Reconstrutiva, Bibliográfica e Enciclopédica do Yoga.
Além de Univerdade, Kaivalyadhama funciona como ashram onde os estudantes podem ficar hospedados e, o que achei mais surpreendente, foi saber que funciona como hospital e Centro de Saúde onde você pode ficar “internado” para fazer tratamentos de Yoga, dieta, Ayurveda e naturopatia, todos sob supervisão médica.
Em seu campus há uma usina de energia solar e moinhos de vento que abastece o instituto com eletricidade.
Esse instituto foi fundando por Swami Kuvalayananda (1883 - 1966) em 1924. Kaivalyadhama é o lugar onde tradição e ciência se encontram e eu tenho muito orgulho de fazer parte dessa linhagem. Busco sempre passar para meus alunos os fundamento científicos de tudo que fazemos dentro da prática.
Passamos dois dias lá conhecendo todo o complexo. Participamos de palestras, aulas de yoga e até um ritual conhecido como Havan (puja de fogo) conduzido pelo Swami Maheshananda atual presidente de Kaivalyadhama. O ritual consiste em prática de pranayama, Omkar, recitação de mantras e ao final tomamos uma espécie de néctar abençoado. Esse nécter era leite com açúcar, apesar da simplicidade de fazê-lo o que conta mesmo é a energia, simbologia e bênçãos depositadas nesse leite. A cerimônia foi simplesmente linda.
Tivemos a oportunidade de fazer todas as refeições no Ashram junto com os estudantes. A comida é típica e vegetariana. Os indianos comentam que a comida do ashram é parecida com comida de hospital: sem graça. Mas, para nós brasileiros, alguns alimentos estavam extremamente condimentados.
Outro fato interessante sobre a alimentação é que ela é a mesma seja no café da manhã, no almoço ou na janta. Eles comem arroz e salada no café da manhã. Não consomem café por ser um estimulante. Mas consomem o tradicional chai, que é um chá com leite e especiarias.
Ainda em Lonavla, participamos de um Workshop com o Dr, Bhole, um médico fisiologista. Possui doutorado em Yoga pela Universidade de Yoga SVYASA de Bangalore. Logo após a graduação médica em 1959, Dr.Bhole ingressou no Kaivalyadhama como assistente de pesquisa em fisiologia. Ficou lá por 35 anos onde se aposentou como diretor. O workshop foi sobre Yoganubhava. Anubhava é a palavra sânscrita escolhida pelo Dr. Bhole para descrever sua abordagem do Yoga como uma ferramenta educacional e terapêutica, bem como uma arte e ciência da auto-realização. Um dos significados do termo anubhava é perceber, sentir e experimentar.
Como vocês puderam ver, essa parte da viagem (28, 29 e 30 de dezembro) foi mais dedicada ao estudo e aprofundamento do Yoga.
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