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Foto do escritorNathalia Morgana

O que aprendi sendo Voluntária de Yoga num asilo

Atualizado: 15 de fev. de 2021

Fui convidada pela Yogini Margô, minha amiga e colega de curso, para ajudá-la a conduzir aulas numa casa de repouso para idosos. Depois de 6 meses, Margo assumiu outras responsabilidades e por indicação dela, o professor Gerson, que está à frente do projeto YS (Yoga Solidário), me designou para assumir as aulas nesse local. Desde que comecei a trabalhar com eles, aprendi algumas lições valiosas sobre o ensino de Yoga - e sobre a própria vida.



Lição nº 1: Os menores movimentos podem às vezes parecer os mais avançados.

Eu trabalho principalmente com idosos que têm problemas de memória, e a maioria tem também a mobilidade reduzida, e muita dificuldade em andar - por isso não fazemos Yoga tradicional. Eu conduzo meus alunos através do Yoga Chair, ou em tradução literal Yoga na cadeira, o que significa que nos sentamos, respiramos e então fazemos alguns movimentos mínimos. Às vezes meus alunos dormem. Outras vezes percebo que suas mentes vagam. Mas eu sempre tento dar o meu melhor para mantê-los presentes no momento, porque mesmo alguns momentos de presença podem ter um impacto profundo.


Lição nº 2: A vida é passageira.

Ensinar meus incríveis alunos da terceira idade me ensinou que a idade não vai se afastar de nenhum de nós. Todos nós vamos ser mais velhos e mais lentos um dia e, quando chegarmos lá, talvez não gostemos do fato de que somos mais velhos e mais lentos. Passar tempo com eles é um lembrete importante para aproveitar minha vida agora. A realidade é que estamos todos envelhecendo. As pessoas não gostam de falar sobre isso, mas é a verdade. Hoje, com 31 anos recém completados, sinto algumas mudanças no meu corpo e na flexibilidade das minhas articulações e percebo que já não posso fazer as coisas que fiz aos 20 anos. Dar aulas para os meus alunos da melhor idade me ensinou a ser mais gentil comigo mesma à medida que envelheço, por isso pratico sempre dentro do meu limite. Você deve praticar hoje para praticar em seus 90 anos. Quando eu ensino esses idosos, é um lembrete de que eu realmente posso praticar a longo prazo. Meus alunos adoram movimentar corpos e se mover suavemente com a respiração, e eles são um belo espelho de como eu espero estar praticando um dia.


Lição n º 3: Todo mundo tem uma história.

Os idosos das minhas aulas têm um passado incrível. Uma veio do Nordeste, não teve filhos e me disse que se arrepende disso, outro foi um professor. Eu ensino ex-atletas, ex-engenheiro, ex-dançarina de balé. No entanto, o que aprendi é que meus alunos já tiveram carreiras prósperas e experiências interessantes que me ensinam muito. É uma honra ajudá-los a se sentirem vivos novamente.


Lição n º 4: O desapego

Sim, você se apega a eles. Eu me sinto neta desses velhinhos. Ao chegar todas as sextas-feiras e ver meus velhinhos sorridentes e receptivos meu coração se enche de alegria. Amo o carinho que recebo. Mas houve um dia que eu cheguei e ela não estava lá. Aquela senhorinha engraçada, que sempre me dava um beijo antes de eu partir e fazia comentários engraçados sobre as posturas, tinha partido. Fiquei triste quando descobri o motivo da ausência dela. As aulas no asilo me ensinaram uma das mais valiosas lições: o desapego - de um jeito que eu não esperava. Precisei me desapegar e estar sempre pronta para me despedir de tudo e de todos sem apreensão, sem arrependimentos, sabendo que sempre dei o meu melhor. Aprendi que devo tratar a todos como se fosse a ultima vez que eu fosse vê-los, que cada abraço e cada carinho eu devo aproveitar ao máximo.


Lição 5: O básico como a prática mais avançada.

O que estou aprendendo é que os movimentos básicos são, na verdade, a chave para ajudar os alunos a se tornarem realmente presentes. Lembro-me de um momento desde o início, quando comecei a praticar o relaxamento guiado e meditação com o grupo. Comecei instruindo-os a manter os olhos fechados enquanto pedia que imaginassem uma cor na inspiração e na expiração. Treinamos também algumas técnicas de respiração alternando as narinas e pedi que colocassem uma das mãos no coração e uma na barriga e depois fechassem os olhos - algo que é especialmente difícil para muitos dos meus idosos, que lutam com problemas de memória. Pedi que apenas relaxassem, mantivessem os olhos fechados e prestassem atenção na respiração. Observá-los nesse momento - todos em completo silêncio - me tiraram o fôlego. Eles eram os mais presentes que poderiam ser, o que por sua vez criava esse sentimento irresistível de presença e alegria na sala. Eu ainda sinto arrepios pensando nisso. Ver algo tão básico ter um efeito tão profundo foi o auge da aula de Yoga para mim.


Lição 6: Conexões através da Yoga podem ser feitas a qualquer momento e em qualquer idade.

O Yoga une a comunidade - não importa a idade, a raça ou o sexo. Tem sido uma coisa linda ver meus alunos interagirem mais uns com os outros, ficarem um pouco mais fortes a cada semana, e um pouco mais capazes de se manterem presente depois de cada aula.


E o mais incrível é como esses alunos se tornaram uma parte importante da minha vida.


Namastê!

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1 Comment


roberto.borja55
May 17, 2019

Parabéns!

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