No mês dedicado a homenagear as mulheres, estou com a proposta de trazer entrevistas com mulheres que admire muito e que acredito que acrescentam muito nesse mundo que vivemos. A entrevista de hoje é com a Cler, uma mulher incrível que ainda não conheci pessoalmente mas que já faz diferença na minha vida. Cler Barbiero é criadora do poderoso e profundo Sistema de Cura Essências da Deusa, é facilitadora de Círculos e grupos de Mulheres há mais de 20 anos. É pintora e autora do Livro de Orações à Deusa, e do livro Sombras nos Grupos e Círculos de Mulheres, ambos publicados pela Editora Pólen. É autora dos Oráculos das deusas Atena, Amaterasu e Afrodite e do Oráculo da Jornada de Cura, editados pela Escola da Ativação do Espírito. Depois de quatro anos de preparo, em 2018 lançou seu próprio Método de Facilitação de Grupos e Círculos. É gestora de duas empresas voltadas ao Sagrado Feminino e ao Conhecimento Espiritual: Essências da Deusa e Escola da Ativação do Espírito.
Para saber mais sobre ela, acesse o site: www.clerbarbiero.com.br
Entrevista:
Yoga com Café: O que o dia Internacional das mulheres significa pra você?
Cler: Para mim é um momento de pontuar e celebrar a força e a resistência femininas. Estamos vivendo este momento em que as mulheres avançaram tanto em termos de direitos e participação na sociedade, mas ainda estamos com estas taxas gigantes e assustadoras de abusos, estupros e feminicídios. O Patriarcado teme a força da mulher, então datas como esta servem para olharmos para todas as mulheres que admiramos, todas as mulheres que fizeram e fazem o mundo um lugar melhor.
YC: O que você pensa a respeito do movimento feminista? Você se considera feminista?
Cler: Certamente sou feminista. Não me identifico com a parte mais radical do movimento, mas mesmo esta é necessária. Gosto no feminismo que as pautas são inclusivas. Tem gente que pensa que ser feminista é não depilar as axilas ou exibir os seios numa marcha, mas é tão mais do que isso! Se você é uma mulher que vota, trabalha, pode viajar sozinha e tem leis que lhe protegem – como a lei Maria da Penha – é graças aos movimentos de mulheres feministas que colocaram estas pautas e venceram. Sou feminista até os ossos! (risos)
YC: Recentemente ouvi sobre o Ecofeminismo, você já ouviu falar?
Cler: Eu costumo me definir como eco-feminista-espiritual. Esta é uma parte do feminismo que está conectada com as pautas preservacionistas do planeta – que colocam o cuidado com nossa casa, o Planeta Terra, como uma luta das mulheres. Você sabia que os grandes marcos da evolução humana foram criados pelas mulheres? A agricultura, a irrigação, a cerâmica, a tecelagem, as técnicas de conservação da comida. Porque a mulher sempre está ligada no aspecto da sobrevivência da sua família e da sua tribo. Ela é uma vaso-que-carrega-a-vida, e sendo mãe biológica ou não, é natural para ela ter uma preocupação com a sobrevivência da vida.
YC: O que pensa sobre o empoderamento feminino?
Cler: Acho que hoje em dia este termo está meio confuso. Outro dia recebi um anúncio de um homem todo sedutor e bonitão – deste tipo “coaching f*”, oferecendo cursos e programas de “empoderamento feminino”. Eu fiquei tipo “oooiiiiii, como é que é?” (risos). Acho que tem uma confusão também com o que é uma “mulher empoderada” – na cultura vigente, ela é, quem sabe, a SEO de uma grande empresa, que se comporta e se veste como um homem, para poder ser respeitada num meio basicamente dominado pela cultura machista. Mas voltando aos primórdios do termo, o “empoderamento feminino” é um movimento de qualificação do mundo feminino e da irmandade feminina. É também um buscar de condições iguais que são oferecidas aos homens. Então é um movimento político, social, mas é também um movimento espiritual, de reconexão com o aspecto sagrado do feminino.
YC: O que você pensa a respeito dos homens no meio de todos esses movimentos feministas, o empoderamento feminino, e o comportamento da mulher moderna.
Cler: Eu vejo uma coisa linda emergindo – especialmente entre os homens mais jovens – que é um repensar do modelo de se comportar básico que a cultura patriarcal exige de um homem. Junto com isso – com esta revolução – vejo um movimento reativo de fortalecimento dos comportamentos masculinos abusivos. O mundo está mudando, os homens estão ficando mais sensíveis (até que enfim eles estão conquistando isso!), e tem um movimento que está também na grande mídia, que é o de trazer conceitos como “não é não” e “deixa as minas” ou o famoso “me too” nos EUA, que começa a olhar este “macho-idade-da-pedra” com um olhar meio enviesado. Acredito – e quero crer – que temos uma “corrente subterrânea” de mudança na cultura masculina vigente. E veja, eu acho o Patriarcado pesado para as mulheres, mas é também para os homens. Eles estão exigidos em performance – em todas as áreas, independente da orientação sexual que tenham. Vejo os homens adoecidos, endurecidos e enfraquecidos. Retirar o aspecto feminino da psiquê – excluindo a Deusa como consorte do Deus Pai – fez um mal enorme aos homens também. Então, quero focar nestes homens que estão carregando adiante esta revolução na maneira deles serem homens, parceiros e pais.
YC: Fale um pouco sobre seu trabalho com a medicina vibracional.
Cler: Neste dia 8, o Dia Internacional da Mulher, acordei inspirada. Criei todo um kit de oito novas Deusas. Meu trabalho com Medicina Vibracional é especialmente através das essências que crio e canalizo – que já geraram a Polaridade Sistêmica® e os Florais da Deusa – mas é também através do que eu chamo de “palavras-que-curam” que são meus textos, livros e oráculos. Mas tudo o que eu faço, crio e ofereço tem esta “levada” de curandeira, herança de minhas duas avós benzedeiras, vó Carolina e Nonna Natalina. Por exemplo, comecei a pintar quadros em 2012, logo já usava as Essências da Deusa para diluir as tintas, usava símbolos e mantras, pronto, saiu Arumieh Arte Curativa, onde os quadros são portais e veículos de cura e transformação. Sou também professora e em 2018 lancei meu próprio Método de dinâmica de grupos, resultado meus estudos e da experiência de mais de vinte anos facilitando grupos e círculos. Meu trabalho com medicina vibracional é minha vida – só que eu sou uma pessoa multifacetada, inquieta e criativa, e manifesto este Serviço em diferentes formatos. Sou meio “fora da curva”, sempre criando formatos novos e trazendo do mundo espiritual coisas que antes não estavam na Terra.
YC: Como é seu trabalho como facilitadora de circulo das mulheres?
Cler: Eu amoooooo este trabalho! Hoje eu já não estou tanto facilitando Círculos e sim formando Facilitadoras. Em 2017 me curei de um câncer de mama e bateu aquela coisa de que era hora de criar multiplicadoras na minha visão de como deve ser conduzido um Círculo. Então sintetizei o Método Cler Barbiero de Grupos e Círculos porque ao longo deste tempo facilitando e oferecendo mentoria para facilitadoras, vi muitas sombras e muitas feridas acontecerem nos grupos. Porque um Círculo é um lugar de amor e conexão com as irmãs e com a Deusa, mas se for conduzido de forma inadequada, ou se a facilitadora não souber como lidar com o caos e os problemas, ou não tiver ferramentas para resolver dinâmicas sombrias, este lugar vai ser um espaço para re-traumatizar mulheres e não para curá-las. Aconteceu no meu primeiro Círculo continuado uma situação que eu estava zero preparada para lidar e não soube conduzir, ferindo muito uma das participantes. Isso foi em 2006. Parei tudo e fui estudar, fazer cursos e aprender mais. E por fim consegui reunir o suficiente para oferecer um Método que prepara muito bem, mas muito bem mesmo, a facilitadora. Neste meio holístico – e especialmente do Sagrado Feminino – tem muito foco “na luz” e muita negação das Sombras. Eu tenho uma frase que está na abertura do meu livro A Sombra nos Grupos e Círculos de Mulheres: “Que a Sombra seja a Mestra, que a Luz seja a Guia”. A Sombra tem muito a ensinar, mas daí precisa uma pessoa preparada para lidar com ela. A Facilitadora de Círculos tem que estar com suas próprias feridas conscientizadas e a caminho de cura, senão vai ter no grupo um espelho das suas dores. Na minha formação são 10 dias ao todo, vivendo juntas, presencialmente e de forma imersiva, entendendo aquelas dinâmica – na mente, no corpo e na energia. Para mim, um Círculo de Mulheres bem conduzido nem precisa de muita coisa, só sentar juntas, dar as mãos, se olhar. Uma das coisas que o Patriarcado fez e que é uma grande ferida para as mulheres, é ter quebrado a irmandade feminina. Quando estamos num Círculo que é um ambiente saudável, esta conexão curativa entre as irmãs se restabelece e cura.
YC: No seu site vi que você é Guardiã do Caldeirão Sagrado. Como é ser essa Guardiã?
Cler: Eu me refiro a mim mesma assim de vez em quando. Porque tem uma parte do meu trabalho que é resultado da minha criação, meus conhecimentos, meus estudos e minhas lembranças de vidas passadas. Mas tem uma parte – especialmente a parte do meu trabalho que é dedicado a Grande Mãe (e quase todo ele é) – que é um caldeirão rico, que me transcende, que é muito maior e profundo do que eu poderia imaginar oferecer. Então eu acrescento muitos ingredientes meus neste Caldeirão Sagrado, mas basicamente, sou a que mexe e guarda o Caldeirão. O Caldeirão que nutre, que cura e que protege.
Para saber mais sobre os cursos que a Cler oferece, acesse:
Namastê!
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